PEC 10/2020: A escandalosa transforma��o de d�vidas privadas em d�vida p�blica 

2020-04-09 19:17:00

<p><img title="Enildo Amaral/BC - Reprodu&ccedil;&atilde;o" src="http://www.apcefrs.org.br/web/upload/misc/image/7e49bca513285081dc6d311fa9f4151b.jpg" alt="Enildo Amaral/BC - Reprodu&ccedil;&atilde;o" width="660" height="440" /></p>
<p>A PEC 10/2020, de autoria do Presidente da C&acirc;mara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM/RJ), foi protocolada dia 1&ordm; de abril e votada em duas sess&otilde;es de forma virtual no dia 3 de abril. A previs&atilde;o de vota&ccedil;&atilde;o no Senado Federal &eacute; pr&oacute;xima segunda-feira, 13 de abril. A agilidade demonstra o poder do sistema financeiro privado de articula&ccedil;&atilde;o para fugir de qualquer preju&iacute;zo, garantir lucros durante a crise econ&ocirc;mica e ainda fazer crescer a valores estratosf&eacute;ricos da d&iacute;vida p&uacute;blica, que j&aacute; compromete mais de 40% do or&ccedil;amento anual, considerando somente o pagamento de juros.&nbsp;&nbsp;</p>
<p>A Proposta de Emenda Constitucional &ndash; PEC&nbsp; 10/2020, que vem sendo chamada de &ldquo;PEC do Or&ccedil;amento de Guerra&rdquo; chama a aten&ccedil;&atilde;o em seu &sect;9&ordm;, do Artigo 115: &ldquo;O Banco Central do Brasil, limitado ao enfrentamento da referida calamidade, e com vig&ecirc;ncia e efeitos restritos ao per&iacute;odo de dura&ccedil;&atilde;o desta, fica autorizado a comprar e vender t&iacute;tulos de emiss&atilde;o do Tesouro Nacional, nos mercados secund&aacute;rios local e internacional, e direito credit&oacute;rio e t&iacute;tulos privados de cr&eacute;ditos em mercados secund&aacute;rios, no &acirc;mbito de mercados financeiros, de capitais e de pagamentos&rdquo;.</p>
<p>Mas as coisas j&aacute; estavam combinadas h&aacute; mais dias com o presidente Bolsonaro. Pois a Medida Provis&oacute;ria &ndash; MP 930/2020, de 31 de mar&ccedil;o passado, prev&ecirc; que n&atilde;o haver&aacute;&nbsp; puni&ccedil;&atilde;o &agrave; dire&ccedil;&atilde;o e a servidores do Banco Central ao realizar as opera&ccedil;&otilde;es previstas na PEC 10/2020, mesmo sendo apontadas como fraudulentas no futuro, ficando inating&iacute;veis pela Lei de Improbidade Administrativa.</p>
<p>Ao Banco Central, atualmente, n&atilde;o &eacute; permitido adquirir pap&eacute;is do setor privado. A PEC 10/2020, entretanto, autoriza a institui&ccedil;&atilde;o a entrar nos mercados secund&aacute;rios onde n&atilde;o h&aacute; refer&ecirc;ncia de pre&ccedil;o dos ativos. Mercado de balc&atilde;o s&atilde;o compras no escuro, feitas por telefone. E os beneficiados n&atilde;o ser&atilde;o conhecidos porque h&aacute; sigilo banc&aacute;rio. O que ser&aacute; conhecido &eacute; o aumento do valor da d&iacute;vida p&uacute;blica, sem explicar a origem, como &eacute; historicamente. Salvar empresas em dificuldades por conta da grave crise demandaria outras medidas, j&aacute; que &eacute; poss&iacute;vel que os recursos injetados atrav&eacute;s do Banco Central v&atilde;o parar, no fim das contas, na m&atilde;o dos bancos privados.</p>
<p>Em vez de destinar em cr&eacute;dito para o setor produtivo, que gera produtos de primeira necessidade, emprego e renda, a PEC 10/2020, com proposta de vig&ecirc;ncia retroativa a 20 de mar&ccedil;o e para vigorar at&eacute; 31 de dezembro deste ano, mostra que os banqueiros est&atilde;o atentos e bem articulados com os parlamentares &ndash; deputados federais e senadores&nbsp;&ndash; e o governo federal. Enquanto todas as empresas correm risco de preju&iacute;zo e at&eacute; de fal&ecirc;ncia, os banqueiros, nacionais e estrangeiros, s&atilde;o os &uacute;nicos que t&ecirc;m garantia de n&atilde;o ter preju&iacute;zo. Falta dinheiro e equipamentos para garantir a prote&ccedil;&atilde;o a trabalhadoras e trabalhadores da sa&uacute;de para impedir que fiquem expostos e sejam as maiores v&iacute;timas da pandemia da COVID-19, mas banqueiros j&aacute; t&ecirc;m promessa de &ldquo;vacina&rdquo; para garantir lucros. A questionada d&iacute;vida p&uacute;blica, cujos juros j&aacute; comprometem mais de 40% do or&ccedil;amento anual, vai aumentar com essa opera&ccedil;&atilde;o de benemer&ecirc;ncia aos bancos. A opera&ccedil;&atilde;o pode ser fraudulenta, mas servidores do Banco Central n&atilde;o v&atilde;o responder por elas, simplesmente receber&atilde;o a ordem: FA&Ccedil;A ISSO, FA&Ccedil;A AQUILO, e ter&atilde;o que cumprir sem reclamar.</p>
<p>A APCEF/RS estar&aacute; atenta &agrave; situa&ccedil;&atilde;o. N&atilde;o podemos permitir que a maior crise humanit&aacute;ria do s&eacute;culo sirva como subterf&uacute;gio para uma opera&ccedil;&atilde;o que, em &uacute;ltima an&aacute;lise, &eacute; indutora da desigualdade: utiliza recursos estatais, que resultam de um injusto sistema tribut&aacute;rio que penaliza as pessoas mais pobres, e transfere-os aos bancos privados -- cuja situa&ccedil;&atilde;o financeira, bem sabemos, est&aacute; longe de ser considerada prec&aacute;ria.</p>
<p>N&atilde;o podemos admitir que essas trapa&ccedil;as fa&ccedil;am parte da Constitui&ccedil;&atilde;o e demais leis! <a href="https://www25.senado.leg.br/web/senadores/em-exercicio" target="_blank">Pressionem Senadoras e Senadores enviando mensagens neste link</a>. </p>

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