O avanço crescente do processo de privatização da água e dos serviços de saneamento no Rio Grande do Sul, muitas vezes camuflados em movimentos de “municipalização” destes serviços, mostra a urgência de uma mobilização popular em defesa da água como um bem público.

A Praça Getúlio Vargas, em Santa Cruz do Sul, na última quinta-feira, dia10, foi o local de concetração de pessoas que se posicionaram contra a privatização da água na cidade. Desde o início da manhã, foram coletadas assinaturas em abaixo assinado. Ás 14h, aconteceu a benção da água, seguida de diversas manifestações públicas. As atividades terminaram no final da tarde, com uma caminhada marcou a postura daqueles(as) que defendem a água como um bem público.

O avanço crescente do processo de privatização da água e dos serviços de saneamento no Rio Grande do Sul, muitas vezes camuflados em movimentos de “municipalização” destes serviços, mostra a urgência de uma mobilização popular em defesa da água como um bem público.

Em Santa Cruz do Sul, o Comitê em Defesa da Água Pública, articulado pelo movimento social e sindical da região já promoveu uma “Plenária contra a Privatização da água em Santa Cruz do Sul” no dia 27 de janeiro. Na última semana, o comitê enviou à Prefeitura uma carta registrada em cartório, solicitando uma audiência com a prefeita, Kelly Moraes, para discutir o assunto, mas não obteve retorno do Executivo. Na plenário do dia 27, também foi definido o ato público que está sendo realizado hoje.

Célia Zingler, presidenta da APCEF-RS e integrante da Coordenação do Comitê, comenta um pouco sobre como está a mobilização: "Tivemos muita receptividade da comunidade. A prefeitura utiliza o discurso de que é uma concessão, mas todos(as) já entenderam que se trata de um processo de privatização. A maneira como o edital foi apresentado exclui a Corsan da licitação, abrindo espaço para grandes grupos financeiros que trabalham com concessões e lucram neste processo. Temos que manter a mobilização e não aceitar essa situação, exigindo a reabertura do diálogo."

Até ontem, quatro empresas haviam demonstrado interesse em assumir os serviços – duas delas de São Paulo e uma do Rio de Janeiro, além da própria Corsan, que atuou durante mais de 40 anos e está com o contrato suspenso desde 2009.


Além de entregar a exploração de um bem público a uma empresa privada, é notório o aumento de tarifas, uma vez que uma empresa privada não tem como praticar os mesmos valores de uma empresa pública.

>Confira a íntegra da carta

> Ouça o hino do movimento, a música "Água não é mercadoria", de autoria de Gerusa e Josiane Bitencourt

> Confira a vinheta que está sendo veiculada nas rádios em Santa Cruz do Sul

> Faça o download dos dois arquivos em .zip

>Acesse o abaixo-assinado contra a privatização

Água não é mercadoria

"Eu vi a grama crescer no campo,
eu vi as flores florirem no jardim
eu vi crianças brincando no rio
e pensei

o ser humano parece dono
mas é uma parte da criação
os bens da terra sao de todos e de ninguém

Flores
Árvores
Peixes
A vida
O futuro será
o que será?

Eu quero água pra beber
eu quero ar pra respirar
eu quero a natureza aqui
e que ninguém venha explorar
e que a ambição do homem
não destrua o que é bem
comum a todos que habitam o planeta

Água não é mercadoria!
água é sinônimo de vida!"

(Gerusa e Josiane Bitencourt)


Fotos: Patrícia Regina Shuster - Mtb/RS13.650