Abertura de envelopes é marcada por ato em defesa da água pública 

2011-02-17 22:59:06

O Fórum em Defesa da Água Pública promoveu na terça-feira (15), em frente ao Parque da Oktoberfest, um ato público contra a privatização do serviço de saneamento e abastecimento de água no município de Santa Cruz do Sul.
O Fórum em Defesa da Água Pública promoveu na manhã da terça-feira (15), em frente ao Parque da Oktoberfest, um ato público contra a privatização do serviço de saneamento e abastecimento de água no município de Santa Cruz do Sul. Nesta mesma data, ocorreu a primeira etapa da abertura dos envelopes das três empresas que se habilitaram ao processo: duas privadas – Grupo de Saneamento Ambiental Águas do Brasil S/A e Grupo Equipav – e a pública Corsan.



Segundo um dos representantes do Fórum, Afonso Schwengber, é clara a intenção da atual administração em entregar a concessão para exploração do capital privado. “A Corsan será eliminada na primeira etapa. O edital foi direcionado para isso. Água é um bem público, não admitimos que ela seja tratada como uma mercadoria qualquer”, reiterou. Quanto à expectativa de eliminação da Corsan ainda na primeira fase da licitação, ela diz respeito ao primeiro item alvo de análise: índice de endividamento.

Os coordenadores do Fórum alegam que empresas públicas trabalham com referências econômico-financeiras diferente das privadas. “Os empréstimos são a longo prazo, bem como as obras executadas, e isso vai banir a Corsan de prosseguir na disputa”, explicou Célia Zingler, também coordenadora do Fórum. A comissão recrutada pela Prefeitura para analisar o processo deverá fazê-lo nos próximos dias.



Fotos: Patricia Schuster

O anúncio das companhias que seguem para os próximos estágios (técnico e comercial) acontece no início da semana que vem.

Ainda durante a manifestação, que contou com a presença de dezenas de entidades, Schwengber, que representa a categoria comerciária da região, reforçou que a postura da prefeita Kelly Moraes tem sido idêntica a de governos ditatoriais. “Não bastasse negar o diálogo ao Fórum e as inúmeras organizações, como a própria Corsan, que a procurou ao longo dos últimos meses, ela manda fechar os portões de um parque que é público”. Na abertura do protesto, os manifestantes tiveram de se concentrar do lado de fora do espaço, já que ele estava com os portões cadeados. Mas no decorrer da manhã, o grupo conseguiu abrir passagem e se aproximar do Pavilhão Central, local onde estavam sendo escrutinadas as propostas.

Para Célia, também presidenta da Associação de Pessoal da Caixa Econômica Federal do Rio Grande do Sul(APCEF/RS), esse foi apenas mais um “round”, do que classificou como “batalha”. “Não podemos desistir e nem desanimar. A água é um das nossas maiores riquezas naturais. O mundo está preocupado com ela. Seguiremos firmes até que o Executivo volte atrás e não seja o primeiro município gaúcho a vender a nossa água”.

O Fórum Municipal em Defesa da Água Pública segue mobilizado. A coleta de assinaturas para o abaixo-assinado continua. “Estamos chegando a quase dez mil”, quantificou Schwengber.

Hoje, quinta-feira (17), os representantes levarão o assunto ao Ministério Público. A ação movida na Justiça e indeferida pelo juiz local vai ser recorrida em nível estadual. Além disso, uma comissão irá, novamente, contatar o governador Tarso Genro. “Ele precisa intervir. Não tem como deixar uma empresa privada ganhar a licitação”, finalizou Célia.

Saiba mais

Quem são as empresas privadas?

Águas do Brasil – Integra o Grupo Quiroz Galvão, Developer e Grupo Carioca Engenharia e Trana. Já administra o serviço de abastecimento de água e tratamento de esgoto em vários municípios do interior do RJ.

Equipav – É responsável por várias empresas de saneamento básico e termo-geração. Três trechos dos já privatizados no RS são desta empresa, que aqui é conhecida como Univias. A corporação atua ainda em outros segmentos (construção civil, engenharia, coleta de resídios...).

Curiosidade

A Foz do Brasil, subsidiária da Odebrecht, chegou a efetuar o depósito de caução, no valor de R$ 12 milhões, mas não compareceu, sendo desclassificada do processo.

Matéria em parceria com jornalista Patrícia Regina Schuster - Santa Cruz do Sul

> Veja mais imagens do Ato Público

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