JB de maio disponível para leitura. Acesse! 

2016-05-30 17:45:00

Os associados e as associadas da APCEF estão recebendo a edição de maio do jornal João de Barro. Para acessar a versão online, clique AQUI.

Editorial


Tempos difíceis estes que o povo brasileiro está vivendo. Justo quando imaginava-se que o País se aproximara da sua mais plena maturidade política, eis que - a partir de um ato de retaliação do maior réu da República, Eduardo Cunha - 367 deputados(as) federais e 55 senadores(as) conseguiram, em um verdadeiro picadeiro televisionado, afastar a presidenta reeleita, passando por cima da vontade de uma maioria de 54.501.118 brasileiros e brasileiras que escolheram Dilma Rousseff para governar o Brasil, nas eleições de outubro passado. Um duro golpe à democracia.

Há quem defenda a legalidade do processo, recusando-se a chamá-lo pelo nome que lhe é devido. De fato, impeachment está previsto na Constituição. Mas até mesmo os(as) mais leigos(as) no assunto são unânimes no entendimento de que, para tal, é preciso a comprovação de um crime de responsabilidade cometido pelo(a) servidor(a) público(a) em questão. Nesse caso específico, o raciocínio não precisa ser tão elaborado: se crimes fossem, as chamadas “pedaladas fiscais” atribuídas a Dilma Rousseff teriam levado a impeachment todos os últimos presidentes da República. E mais: José Ivo Sartori e outros(as) 15 governadores(as) já poderiam fazer as malas e se despedir de seus mandatos.

Dilma - a quem, até o momento, não pesa uma única denúncia de corrupção – não está sendo “sacrificada” por pedaladas fiscais ou qualquer desvio de dinheiro público. O seu governo - não há como negar – deixou muito a desejar, especialmente para quem esperava uma guinada à esquerda. Teve muitos erros e poucos acertos. E é justamente por causa desses poucos acertos que está sendo “abatida” pelos(as) batedores(as) de panela.

Durante o fechamento desta edição, no dia 23 de maio, a Folha de S. Paulo divulgou um áudio do senador Romero Jucá (PMDB-RR) sugerindo ao ex-presidente da Transpetro, Sérgio Machado, um “pacto” para tentar derrubar a presidenta e barrar a Operação Lava Jato. No Governo Dilma também foi deflagrada a Operação Zelotes, grande investigação de um dos maiores esquemas de sonegação fiscal já descobertos no País, colocando na mira da Justiça influentes empresas de comunicação. Nesse contexto, as intenções que moveram o golpe ficam claras como a água. Não há espaço para ingenuidade. Se o golpe vingar, não é apenas o cargo de Dilma Rousseff que estará em xeque, mas a própria democracia.

Não bastasse a tragédia de ter tido anulado o seu precioso direito de decidir, milhões de brasileiros(as) agora têm de conviver com uma agenda extremamente nociva - proposta antes mesmo de assumir – pelo presidente interino, Michel Temer (PMDB-SP). A tal “Ponte para o Futuro” está mais para uma “Túnel para o Passado”, prevendo cortes, privatizações e reformas. Em uma semana, o governo conseguiu cancelar a 3ª fase do programa Minha Casa, Minha Vida; anunciou “pente-fino” no Bolsa Família; propôs aumentar a idade mínima para aposentadoria; e defendeu a “flexibilização” da CLT, entre outras anomalias. Tudo isso em meio a um ministério 100% masculino e com sete investigados na Lava Jato.

Diante dessa conjuntura é que a APCEF reafirma o seu compromisso de defesa dos direitos dos(as) trabalhadores(as), da cidadania e da democracia. A luta, caros(as) associados(as), mais do que nunca, torna-se um dever.

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