Ordem do dia: combater a descren�a, defender a democracia - por Marcos Todt 

2016-09-14 14:24:00

<p><strong>Confira o texto publicado no <a href="http://www.sul21.com.br/jornal/ordem-do-dia-combater-a-descrenca-defender-a-democracia-por-marcos-todt/">site Sul 21</a> e no <a href="https://rsurgente.wordpress.com/2016/09/09/ordem-do-dia-combater-a-descrenca-defender-a-democracia/">site RS Urgente,</a> de autoria do Vice-Presidente da APCEF Marcos Todt*:</strong></p>
<p>N&atilde;o &eacute; de hoje que a Ci&ecirc;ncia Pol&iacute;tica aponta que a cultura democr&aacute;tica ainda n&atilde;o se consolidou no Brasil (e na Am&eacute;rica Latina). Pesquisas demonstram que boa parte dos cidad&atilde;os que dizem acreditar que a democracia seja a melhor forma de governo na verdade n&atilde;o s&atilde;o democratas convictos, digamos assim.<br /><br />Muitos dos que se intitulam democratas entendem que uma crise econ&ocirc;mica justifica um golpe, que um &ldquo;l&iacute;der forte&rdquo; &eacute; mais importante do que partidos, e aceitam o descumprimento das leis em caso de necessidade (desde que o descumprimento lhes convenham).<br /><br />No momento atual, o fato de tantos pol&iacute;ticos e &ldquo;formadores&rdquo; de opini&atilde;o discorrerem sobre temas como desemprego, infla&ccedil;&atilde;o e crise para justificar posi&ccedil;&atilde;o a favor do impedimento de Dilma, como se simplesmente sua opini&atilde;o sobre o governo pudesse fundamentar um ataque &agrave;s regras democr&aacute;ticas e a deposi&ccedil;&atilde;o de uma Presidenta eleita, &eacute; mais um sintoma clar&iacute;ssimo de nossa baixa cultura democr&aacute;tica.<br /><br />Vivemos horrores em ditaduras e at&eacute; hoje lutamos para nos libertar de seus reflexos. No entanto, ainda somos poucos os que compreendem que para legitimar a democracia precisamos defender seus princ&iacute;pios com cuidado, zelo, e do modo mais coerente que pudermos.<br /><br />Chama a aten&ccedil;&atilde;o a sinceridade de alguns senadores que comprovam a mediocridade e total falta de respeito aos princ&iacute;pios democr&aacute;ticos com que &ldquo;sustentam&rdquo; suas posi&ccedil;&otilde;es, como &eacute; o caso de Acir Gurgacz(PDT-RO), que votou pelo impedimento de Dilma mesmo afirmando sua &rdquo; convic&ccedil;&atilde;o de que n&atilde;o h&aacute; crime de responsabilidade fiscal nesse processo&rdquo;; do senador Cristovam Buarque (PPS-DF), que recorreu at&eacute; mesmo &agrave; &ldquo;arrog&acirc;ncia no exerc&iacute;cio do poder&rdquo; para tentar justificar seu voto; ou de nosso conterr&acirc;neo Lasier Martins (PDT-RS) que afirmou sem corar que &ldquo;o Brasil est&aacute; desejando a an&aacute;lise do conjunto da obra&rdquo;.<br /><br />Infelizmente, poder&iacute;amos nos alongar aqui em cita&ccedil;&otilde;es que demonstram que o que estava em jogo nunca foi o suposto crime de responsabilidade, o que evidencia o ataque aberto &agrave; democracia em nosso pa&iacute;s. S&atilde;o leg&iacute;timas as rea&ccedil;&otilde;es que temos visto, em especial, da juventude, denunciando o golpe, e n&atilde;o &eacute; &agrave; toa que a Associa&ccedil;&atilde;o Brasileira de Ci&ecirc;ncia Pol&iacute;tica (ABCP) aprovou recentemente, com 87 votos a favor e apenas 6 votos contra, mo&ccedil;&atilde;o de rep&uacute;dio &ldquo;&agrave; destitui&ccedil;&atilde;o da presidenta Dilma Roussef e ao processo que rompe com a legalidade democr&aacute;tica no Brasil&rdquo;.<br /><br />Por mais limitada que ainda seja nossa democracia, os ataques a ela nunca s&atilde;o desimportantes e n&atilde;o interessam aos mais necessitados, nem aos que lutam contra as desigualdades. Os mesmos que atacam a democracia s&atilde;o os que n&atilde;o t&ecirc;m o m&iacute;nimo compromisso com os direitos coletivos, e suas artimanhas s&oacute; podem ganhar for&ccedil;a quando na sociedade h&aacute; resigna&ccedil;&atilde;o, baixos &iacute;ndices de confian&ccedil;a (capital social), descren&ccedil;a nas sa&iacute;das coletivas e ceticismo pol&iacute;tico.<br /><br />N&atilde;o podemos ter d&uacute;vidas de que para defender nossa jovem (e sob ataque) democracia, precisamos qualific&aacute;-la, e para isso &eacute; imprescind&iacute;vel o empoderamento coletivo, a participa&ccedil;&atilde;o pol&iacute;tica, a conquista de direitos sociais e o combate &agrave;s desigualdades.Ou seja, n&atilde;o se consolida cultura democr&aacute;tica sem realizar transforma&ccedil;&otilde;es sociais, e vice-versa.<br /><br />Por isso, a batalha para isolar quem ataca os princ&iacute;pios democr&aacute;ticos e instiga a descren&ccedil;a generalizada est&aacute; na ordem do dia e &eacute; muito mais importante do que distribuir r&oacute;tulos de coxinha ou petralha.<br /><br />(*) Mestre em Ci&ecirc;ncias Sociais pela PUC/RS e Vice-Presidente da APCEF/RS.</p>

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