Tribuna Popular: na Caixa Econ�mica, quadro de pessoal reduziu 15% em dois anos - e n�o h� perspectiva de contrata��o 

2017-11-20 19:00:00

<p><img title="Foto: Luiza Dorneles/CMPA" src="/upload/misc/image/34c506ea7d9182beac34c56b2426995f.jpg" alt="Foto: Luiza Dorneles/CMPA" width="660" height="438" /></p>
<p>Na d&eacute;cada de 1990, o Brasil tinha em atividade 34 bancos p&uacute;blicos, sejam federais ou estaduais. O n&uacute;mero caiu para 10 at&eacute; 2014. 174 bancos privados nacionais operavam no pa&iacute;s naquela &eacute;poca, e o n&uacute;mero passou para 79 em 2014. Institui&ccedil;&otilde;es estrangeiras, ou com controle multinacional, eram 18 na d&eacute;cada retrasada. O dado mais recente, de 2014, todavia, indica que passam a ser 64. &ldquo;Vemos com muita preocupa&ccedil;&atilde;o esses dados objetivos&rdquo;, alerta o vice-presidente da Associa&ccedil;&atilde;o do Pessoal da Caixa Econ&ocirc;mica Federal do Rio Grande do Sul - APCEF/RS, Marcos Todt. Ele utilizou, nesta segunda-feira (20), a Tribuna Popular na C&acirc;mara de Vereadores de Porto Alegre para falar sobre o que definiu como &ldquo;ataques muito duros&rdquo; &agrave; Caixa Econ&ocirc;mica Federal e aos bancos p&uacute;blicos no pa&iacute;s.</p>
<p>Outro exemplo &eacute; a redu&ccedil;&atilde;o de cerca de 15%, nos &uacute;ltimos dois anos, no quadro de pessoal da Caixa, processo que acompanhou o fechamento de um grande n&uacute;mero de ag&ecirc;ncias no Brasil. &ldquo;Al&eacute;m da redu&ccedil;&atilde;o do n&uacute;mero de empregados, tivemos, nos dois anos, tr&ecirc;s planos de demiss&atilde;o volunt&aacute;ria e sequer h&aacute; mais contrata&ccedil;&atilde;o&rdquo;, afirmou.</p>
<p>As consequ&ecirc;ncias dessa situa&ccedil;&atilde;o, para ele, devem ser discutidas. &ldquo;&Eacute; um banco diferente dos demais: constitui-se na principal ferramenta de aplica&ccedil;&atilde;o de pol&iacute;ticas p&uacute;blicas do governo federal. Tanto no apoio &agrave; cultura, ao esporte, quanto ao financiamento da habita&ccedil;&atilde;o. Alguns anos atr&aacute;s a Caixa implantou uma conta simplificada, o que fez com que milh&otilde;es de brasileiros que antes n&atilde;o podiam ter acesso a uma conta no banco pudessem passar a ter essa possibilidade&rdquo;, disse.</p>
<p>A APCEF/RS, que vem desenvolvendo uma campanha pela manuten&ccedil;&atilde;o do car&aacute;ter p&uacute;blico e popular da Caixa, argumenta que os bancos privados n&atilde;o t&ecirc;m, evidentemente, a preocupa&ccedil;&atilde;o social com o desenvolvimento do pa&iacute;s que os bancos estatais &ndash; e em especial a Caixa &ndash; t&ecirc;m. &ldquo;Podemos verificar que apesar de a economia estar em recess&atilde;o, o lucro do Ita&uacute;, por exemplo, no primeiro semestre de 2017, foi mais de 12 bilh&otilde;es, e, ao mesmo tempo, a institui&ccedil;&atilde;o fechou 391 ag&ecirc;ncias nos &uacute;ltimos tr&ecirc;s anos&rdquo;, explicou o banc&aacute;rio.</p>
<p>No Rio Grande do Sul s&atilde;o 109 munic&iacute;pios que t&ecirc;m presen&ccedil;a de bancos privados, de um total de 497. Desses, 248 s&atilde;o atendidos apenas por bancos p&uacute;blicos, de acordo com o DIEESE. &ldquo;Isso ocorre porque n&atilde;o interessa ao banco privado manter uma ag&ecirc;ncia deficit&aacute;ria. A import&acirc;ncia de se manter o car&aacute;ter p&uacute;blico sem transforma&ccedil;&atilde;o em Sociedade An&ocirc;nima, como o governo federal quer fazer agora, &eacute; fundamental para manter o atendimento &agrave;s popula&ccedil;&otilde;es que mais necessitam&rdquo;, argumentou Todt.</p>
<p>A Caixa, para ele, &eacute; a &uacute;nica institui&ccedil;&atilde;o que pode oferecer servi&ccedil;os e financiamentos que n&atilde;o d&atilde;o lucro. O banco responde, hoje, por cerca de 67% do financiamento habitacional no pa&iacute;s. &ldquo;Mas esse dado diz mais: mais de 90% do cr&eacute;dito para habita&ccedil;&atilde;o popular &eacute; do banco p&uacute;blico. &Eacute; fundamental manter esse instrumento de aplica&ccedil;&atilde;o de pol&iacute;ticas p&uacute;blicas inclusive para proteger o pa&iacute;s durante recess&otilde;es e crises internacionais. A Caixa j&aacute; fez isso no passado recente e deve seguir podendo implantar pol&iacute;ticas anti-c&iacute;clicas [isto &eacute;, para reduzir os danos das crises c&iacute;clicas do capitalismo] quando o governo quiser e precisar&rdquo;, explicou.</p>
<p>A institui&ccedil;&atilde;o pode agir at&eacute; mesmo com pol&iacute;ticas para redu&ccedil;&atilde;o do spread banc&aacute;rio &ndash; isto &eacute;, a diferen&ccedil;a entre o custo que um banco tem para tomar dinheiro em empr&eacute;stimo e o valor final cobrado por ele do consumidor. O Brasil tem, hoje, a maior taxa do mundo. E, para Todt, institui&ccedil;&otilde;es financeiras privadas oferecem &ldquo;condi&ccedil;&otilde;es esdr&uacute;xulas a n&oacute;s, quando mais precisamos&rdquo;.<br />Ele citou ainda os 30 bilh&otilde;es em benef&iacute;cios sociais oferecidos atrav&eacute;s da Caixa, no ano passado, e 240 bilh&otilde;es destinados a trabalhadoras e trabalhadores no mesmo ano, por exemplo, com o FGTS ou o Seguro Desemprego. &ldquo;Afirmamos esses n&uacute;meros com muito orgulho. N&oacute;s, da Apcef/RS, da Caixa, temos muito orgulho em servir a popula&ccedil;&atilde;o. Faz parte da nossa identidade enquanto trabalhadores e banc&aacute;rios, saber que somos &uacute;teis &agrave; popula&ccedil;&atilde;o. O lobby de quem quer privatizar a Caixa, transform&aacute;-la em S/A, quem quer reduzir a for&ccedil;a do banco ao fechar ag&ecirc;ncias, interessa em primeiro lugar aos privados. N&atilde;o simplesmente para defender nossos sal&aacute;rios, mas porque queremos continuar defendendo com orgulho a fun&ccedil;&atilde;o social fundamental para o desenvolvimento social do pa&iacute;s&rdquo;, disse.</p>
<p>Vereadores presentes na sess&atilde;o tamb&eacute;m se manifestaram &ndash; contra ou a favor &ndash; a respeito da manuten&ccedil;&atilde;o do car&aacute;ter p&uacute;blico da Caixa. Para Adeli Sell, do PT, uma quest&atilde;o a ser levada em conta &eacute; a &ldquo;fun&ccedil;&atilde;o social que est&aacute; na Constitui&ccedil;&atilde;o&rdquo; - ao citar o direito &agrave; habita&ccedil;&atilde;o que consta na legisla&ccedil;&atilde;o e os cr&eacute;ditos habitacionais oferecidos pelo banco. Para o Professor Alex Fraga (PSOL), a &ldquo;imensa desigualdade&rdquo; que h&aacute; no Brasil s&oacute; pode ser combatida com investimentos massivos em pol&iacute;ticas sociais intermediadas pela Caixa. Ele citou ainda benef&iacute;cios como o FGTS, o Seguro Desemprego, o Fies e a Farm&aacute;cia Popular, tamb&eacute;m dependentes do banco. Fernanda Melchionna, tamb&eacute;m do PSOL, por sua vez, caracterizou o processo pelo qual o banco passa atualmente como uma &ldquo;privatiza&ccedil;&atilde;o pelas beiradas&rdquo;. O Banrisul, para ela, vive o mesmo: &ldquo;parte de um projeto nacional&rdquo;; a reforma trabalhista faz parte da mesma agenda e tem impactos agudos para a categoria dos banc&aacute;rios. O desmonte do servi&ccedil;o p&uacute;blico, para ela, &eacute; um &ldquo;novo fil&atilde;o para o capitalismo financeiro&rdquo;. Airto Ferronato (PSB), falando tamb&eacute;m por Cl&agrave;udio (SDD) e Dr. Goulart, tamb&eacute;m se manifestou em defesa do banco p&uacute;blico.</p>
<p>O vereador Ricardo Gomes (PP), ao contr&aacute;rio, declarou-se como favor&aacute;vel &agrave;s privatiza&ccedil;&otilde;es, ainda que diga &ldquo;n&atilde;o querer desrespeitar os trabalhadores&rdquo;. Ele utilizou espa&ccedil;o cedido pela vereadora M&ocirc;nica Leal, tamb&eacute;m do PP, para manifestar sua opini&atilde;o. Citou &ldquo;esc&acirc;ndalos&rdquo; e &ldquo;uso pol&iacute;tico&rdquo; do banco, argumentando que os programas sociais hoje intermediados pela Caixa poderiam utilizar servi&ccedil;os do sistema banc&aacute;rio privado.</p>
<p>A APCEF/RS promove, no pr&oacute;ximo s&aacute;bado (25), um ato em defesa de uma Caixa do Povo e 100% P&uacute;blica. O evento ocorre &agrave;s 14h30 na C&acirc;mara Municipal de Vereadores de Porto Alegre e &eacute; mais uma etapa da campanha que a associa&ccedil;&atilde;o vem realizando &ndash; com debates j&aacute; realizados em Uruguaiana e Erechim, al&eacute;m de data j&aacute; agendada tamb&eacute;m para Santo &Acirc;ngelo (na quinta-feira, 23).</p>
<p><img title="Foto: Apcef/RS" src="/upload/misc/image/75eb1886f55b7982eda09416c6497684.jpg" alt="Foto: Apcef/RS" width="660" height="440" /></p>
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