2017-12-15 19:00:00
<p><img title="Ato em Tramandaí" src="/upload/misc/image/8c03d4d4aa0b4e38d4a0c08ee776e214.jpg" alt="Ato em Tramandaí" /></p>
<p>Às vésperas do final de um ano conturbado politicamente no país – com avanço de reformas como a trabalhista, que põe fim a dezenas de direitos da classe trabalhadora brasileira, ou o congelamento por 20 anos dos gastos sociais do Estado, ou a Reforma da Previdência que o governo pretende colocar em votação em breve –, a APCEF/RS discutiu, na noite de quinta-feira (14) a situação dos serviços públicos no Brasil, e também da Caixa Econômica Federal inserida nesse contexto. O debate, ocorrido na Câmara de Vereadores de Tramandaí, fez parte de uma série de atos da Associação, em diversas cidades – e desta vez com apoio do Sindicato Intermunicipal dos Professores de Instituições Federais de Ensino Superior do Rio Grande do Sul (ADUFRGS - SINDICAL) e da Raiz Movimento Cidadanista.</p>
<p>As perspectivas para o banco – o maior entre os públicos da América Latina – não foram diferentes durante 2017: a Caixa, pelo menos desde outubro, vinha sofrendo o risco de ter seu capital aberto para venda de ações. Trata-se da transformação em Sociedade Anônima (S/A), na qual o governo manteria uma parte das ações, mas venderia outra parcela para investidores privados. Embora o <a href="/conselho-de-administracao-da-caixa-decide-por-retirar-do-estatuto-item-que-transformaria-o-banco-em-s/a/conselho-de-administracao-da-caixa-decide-por-retirar-do-estatuto-item-que-transformaria-o-banco-em-s/a-noticia-1366391945.html" target="_blank">Conselho Administrativo do banco tenha decidido, na semana passada, voltar atrás</a>, a APCEF/RS discutiu o tema – e, sobretudo, assuntos como a educação pública, a situação do Banrisul, o direito à aposentadoria e a saúde pública. É o que a APCEF definiu como “Bem Comum”.</p>
<p>O presidente da APCEF, Marcello Carrión, abriu o debate lembrando que antes da ruptura democrática que houve no Brasil, a Associação já havia lançado campanha em defesa da Caixa quando a então presidenta Dilma Rousseff, um pouco antes de assumir seu segundo mandato, anunciou a abertura de capital da empresa, nomeando a ex-ministra do Planejamento Orçamento e Gestão, Miriam Belchior, como presidenta do banco com essa tarefa. “E hoje temos enfrentado um inadmissível ataque aos serviços públicos, às estatais, contra a Caixa, o Banrisul, as universidades públicas, o SUS, contra todos nós”, afirmou Carrión.</p>
<p><img title="Cristiana, Marcos, Paloma, Marcello e Marcelo" src="/upload/misc/image/6dc7aa066df45a481a975c610294bd0f.jpg" alt="Cristiana, Marcos, Paloma, Marcello e Marcelo" width="660" height="439" /></p>
<p>A primeira fala foi do presidente da Câmara Municipal de Tramandaí, o vereador Clayton Ramos (PT), o único presente no evento – embora todo o parlamento da cidade tenha sido convidado. Para ele, a agenda pós-2015 é a mesma da década de 90. “É a do PDV, do debate das privatizações novamente à tona, da retirada de 98% dos recursos do Sistema Único de Assistência Social (SUAS). Reforma trabalhista, prejuízo dos trabalhadores com a reforma da Previdência. Em sintonia as agendas dos governos estadual e federal. Espero que tenhamos, no ano que vem, boas perspectivas para o futuro de nosso país. Há, neste momento nebuloso, muita gente perdida. E devemos nos sintonizar”, disse.</p>
<p>Paloma Ferreira é bancária do Banrisul e diretora de Cultura, Esporte e Lazer do Sindicato dos Bancários do Litoral Norte; ela afirma que o governo estadual de José Ivo Sartori (PMDB) está “destruindo um dos poucos bancos públicos que existem no país”. Na prática, com a venda de ações, diz Paloma, o Estado ficará só com 25% dos papéis do banco. “Isso quer dizer privatização. Sem passar por plebiscito”. A Fetrafi e o movimento sindical dos bancários, então, produzem um abaixo-assinado para a criação de um projeto de lei de iniciativa popular para barrar essa venda – e são necessárias 70 mil assinaturas. A APCEF tem ajudado na coleta de assinaturas e é possível subscrever o projeto na sede administrativa da Associação.</p>
<p><img title=" Paloma sobre venda de ações do Banrisul: “Isso quer dizer privatização. Sem passar por plebiscito”. " src="/upload/misc/image/4ead8bbe746931ba4fd711b1c1d99534.jpg" alt="Paloma sobre venda de ações do Banrisul: “Isso quer dizer privatização. Sem passar por plebiscito”. " width="660" height="439" /></p>
<p>“Precisamos mostrar para o governador que o Banrisul é importante para a população. Aqui no litoral, dos 23 municípios de nossa base, 22 são atendidos pelo Banrisul. E são 12 com atendimento exclusivo do Banrisul. Seriam, com a possível privatização, cidades sem qualquer atendimento bancário”, argumenta.</p>
<p>Marcos Todt, vice-presidente da APCEF, fez apresentação com dados sobre o sistema financeiro brasileiro e sobre a importância dos bancos públicos, em especial a Caixa, para o desenvolvimento do país, enumerando diversas razões pelas quais seria um retrocesso transformar a empresa em uma S/A.</p>
<p>Cristiana Garbinatto é bancária do Banco do Brasil e diretora da Fetrafi-RS. Formou-se na Universidade Federal do Rio Grande do Sul, e, lá, “defendia o ensino superior de qualidade e público”, conta. “Dentro da minha instituição temos uma dificuldade de conversar com os próprios colegas e dizer que o principal não é o lucro maior que o Itaú ou o Bradesco – esse lucro está sendo retirado da sociedade. O que temos que ofertar é a bancarização, o crédito rural com juros baixos, que fomenta o campo. Ou no atendimento a quem não teria condições dentro de um banco privado”, argumenta.</p>
<p>Para Marcelo Soares, sociólogo e militante da Raiz Movimento Cidadanista, é preciso fazer uma “análise ampla” da situação. “Dia desses assisti a uma fala do Ministro da Fazenda Henrique Meirelles dizendo que o governo deveria aumentar impostos caso não fosse aprovada a Reforma da Previdência. Aumentar os tributos dos pobres, claro, porque no Brasil os ricos não pagam”. Ele cita a ausência de uma taxação de grandes fortunas ou impostos sobre dividendos – o Brasil é um dos poucos países do mundo que não cobram – e também uma auditoria da dívida pública que “nem sequer passa pela cabeça dessas pessoas, que estão lá para dar lucro aos bancos estrangeiros”.</p>
<p>Ao final, a APCEF propôs que o presidente da Câmara de Tramandaí colocasse em votação uma moção pelo “Bem Comum”: pelo caráter público da Caixa, do Banrisul, pelo direito à aposentadoria, pela educação pública e pelo Sistema Único de Saúde. Em uma consulta simbólica à plateia, a votação foi unânime pela aceitação.</p>
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