FUNCEF: Balan�o de 2017 e o impacto negativo da redu��o da meta atuarial 

2018-04-02 13:42:00

<p>Nesta quarta-feira (28 de mar&ccedil;o), a Funcef apresentou o balan&ccedil;o anual de 2017 e&nbsp; anunciou aos(&agrave;s) participantes um d&eacute;ficit de R$ 6,5 bilh&otilde;es, 50% maior que os R$ 4 bilh&otilde;es registrados em 2014, no in&iacute;cio da atual gest&atilde;o.<br /><br />O d&eacute;ficit cresceu em todos os planos em 2017. No REG/Replan Saldado, foram R$ 4,2 bilh&otilde;es; no N&atilde;o Saldado, R$ 481 milh&otilde;es; Novo Plano, R$ 59 milh&otilde;es; e REB, R$ 878 mil, totalizando R$ 4,7 bilh&otilde;es, que, somados ao d&eacute;ficit de 2016 (R$ 12,4 bilh&otilde;es), chegaria a R$ 17,2 bilh&otilde;es. O d&eacute;ficit de dois d&iacute;gitos s&oacute; n&atilde;o se confirmou porque R$ 9,7 bilh&otilde;es foram integralmente inseridos no plano de equacionamento previsto para come&ccedil;ar em mar&ccedil;o deste ano. Essa parcela que entraria no balan&ccedil;o como d&eacute;ficit, foi lan&ccedil;ada como &ldquo;reserva a integralizar&rdquo; e &eacute; a mesma que ser&aacute; paga&nbsp; a cada m&ecirc;s pelo prazo definido no equacionamento, por&nbsp; participantes e patrocinadora.<br /><br /><strong>O peso da redu&ccedil;&atilde;o da meta</strong><br /><br />A redu&ccedil;&atilde;o de 1 ponto percentual na meta atuarial, implementada em janeiro do corrente ano, nivelou todos os planos em INPC + 4,5% e consumiu R$ 6,6 bilh&otilde;es, segundo a pr&oacute;pria Funcef, o que agravou o d&eacute;ficit que j&aacute; existia antes do balan&ccedil;o de 2017.<br /> <br />Os atuais diretores da Funcef chegaram a afirmar que a redu&ccedil;&atilde;o da meta elevaria a probabilidade de atingimento dos resultados e que, com a meta mais baixa, ficaria mais f&aacute;cil ter superavit e at&eacute; reduzir a al&iacute;quota de cobran&ccedil;a do equacionamento do REG/Replan Saldado referente a 2014 e 2015, de 10,64% para 9,94%, <strong>o que n&atilde;o se confirmou</strong>. Ao contr&aacute;rio, a redu&ccedil;&atilde;o da meta <strong>agravou</strong> o d&eacute;ficit e aumentou a contribui&ccedil;&atilde;o extraordin&aacute;ria para mais de 20% do benef&iacute;cio.<br /><br />Tais fatos demonstram total descompromisso da diretoria com os participantes e assistidos, que j&aacute; est&atilde;o sendo penalizados com o equacionamento, pois o superavit produzido em 2017 poderia ter sido utilizado para abater o d&eacute;ficit&nbsp; consolidado dos anos anteriores e, assim, ter reduzido o valor das contribui&ccedil;&otilde;es extraordin&aacute;rias, ao inv&eacute;s de elev&aacute;-las ainda mais.<br /><br /><strong>Reclassifica&ccedil;&atilde;o do Contencioso Judicial<br /></strong><br />Maior fator isolado de d&eacute;ficit nos planos de benef&iacute;cios da FUNCEF, o provisionamento para o contencioso previdencial (a&ccedil;&otilde;es trabalhistas que geram revis&atilde;o nos valores dos benef&iacute;cios) havia sido contabilizado em R$ 2,4 bilh&otilde;es at&eacute; novembro de 2017. No balan&ccedil;o anual, por&eacute;m, a diretoria da Funcef decidiu <strong>reclassificar</strong> o grau de risco das a&ccedil;&otilde;es, o que resultou na diminui&ccedil;&atilde;o de R$ 1 bilh&atilde;o no provisionamento, mascarando sua real condi&ccedil;&atilde;o.<br /><br />No balan&ccedil;o, fica claro que a Funcef tirou esse R$ 1 bilh&atilde;o do item &ldquo;a&ccedil;&otilde;es de perda prov&aacute;vel&rdquo; (execu&ccedil;&atilde;o esperada) e reclassificou como &ldquo;perda poss&iacute;vel&rdquo; (probabilidade de execu&ccedil;&atilde;o estimada em 50%), <strong>cuja contabiliza&ccedil;&atilde;o n&atilde;o &eacute; obrigat&oacute;ria.</strong> Os valores envolvidos nas a&ccedil;&otilde;es classificadas como de <strong>perda poss&iacute;vel</strong> (n&atilde;o contabiliz&aacute;vel) cresceram R$ 3,9 bilh&otilde;es e j&aacute; chegam a R$ 15,9 bilh&otilde;es.<br /><br />Esse movimento nos traz 3 consequ&ecirc;ncias preocupantes: 1. Aumenta a vulnerabilidade da Funda&ccedil;&atilde;o para pagamento desses processos no futuro; 2. Diminui o provisionamento para esse tipo de pagamento no balan&ccedil;o da CAIXA, o que dificultar&aacute; futura negocia&ccedil;&atilde;o para que a CAIXA assuma esse passivo de sua responsabilidade. 3. Provoca falsa impress&atilde;o de melhora no desempenho da Funda&ccedil;&atilde;o.<br /><br />Diferentemente de ativos de investimentos que podem se desvalorizar e recuperar valor, a sa&iacute;da de recursos por condena&ccedil;&atilde;o judicial sem a integraliza&ccedil;&atilde;o de reserva &eacute; perda sem retorno, literalmente preju&iacute;zo.<br /><br /><strong>Funcef perdeu oportunidade de recupera&ccedil;&atilde;o</strong><br /><br />O segmento de Renda Vari&aacute;vel e investimentos estruturados alcan&ccedil;aram significativa rentabilidade em todos os planos. No Novo Plano, por exemplo, os investimentos de renda vari&aacute;vel (20% dos ativos) renderam 21,19% em 2017 enquanto os FIPs (somente 2,7% dos ativos) chegaram a 36,53%. O desempenho dos dois segmentos poderia ter ajudado a Funcef a recuperar resultados, n&atilde;o fosse a baixa concentra&ccedil;&atilde;o de recursos destinada a essas posi&ccedil;&otilde;es.<br /><br />No Novo Plano, cerca de 70% dos ativos est&atilde;o alocados em renda fixa, cuja rentabilidade foi de apenas 9,62%, desempenho que chega a ser inferior ao dos empr&eacute;stimos aos participantes, que renderam 10,12%.<br /><br /><strong>REG/REPLAN SALDADO</strong><br /><br />Com rela&ccedil;&atilde;o ao resultado de 2017, a rentabilidade da Funcef no REG/REPLAN Saldado atingiu 12,70%, superando a meta atuarial de 7,69% e gerando um superavit de R$1.785.223,00. Por&eacute;m, a redu&ccedil;&atilde;o da meta atuarial para INPC+4,50% ao ano produziu um impacto de R$6.477.168,00 + R$801.853,00 de aumento no passivo atuarial.&nbsp; Isso provocou um&nbsp; d&eacute;ficit no exerc&iacute;cio no montante de R$5.598.721,00. Para amortiza&ccedil;&atilde;o desse valor, a diretoria da Funcef promoveu um&nbsp; ajuste de precifica&ccedil;&atilde;o dos t&iacute;tulos p&uacute;blicos, o que gerou um valor de R$3.283.968,00, que reduziu o d&eacute;ficit do Saldado para R$2.314.753,00.<br /><br /><strong>REG/REPLAN N&Atilde;O-SALDADO</strong><br /> <br />No REG/REPLAN n&atilde;o-saldado, a rentabilidade foi de 12,93% contra uma meta atuarial de 7,74% ao ano, gerando um superavit de R$208.971,00. O impacto da redu&ccedil;&atilde;o da meta atuarial foi de R$951.211,00. Com isso, o d&eacute;ficit aumentou para R$730.629,00. A redu&ccedil;&atilde;o promovida&nbsp; pelo ajuste de precifica&ccedil;&atilde;o dos t&iacute;tulos p&uacute;blicos alcan&ccedil;ou R$340.722,00, o que resultou num d&eacute;ficit em 2017 de R$389.907,00.<br /><br />Resumindo: &eacute; evidente que a redu&ccedil;&atilde;o da meta atuarial, al&eacute;m de anular o resultado positivo de 2017, ocasionou mais um d&eacute;ficit consolidado na Funda&ccedil;&atilde;o na ordem de R$2.544.688,00. Esse valor de d&eacute;ficit para 2017 fica abaixo do limite exigido pela lei para que se efetive um equacionamento. O limite previsto em lei &eacute; de R$4.800.000,00 aproximadamente. <br />Esta breve an&aacute;lise&nbsp; demonstra que h&aacute; uma op&ccedil;&atilde;o&nbsp; deliberada em penalizar&nbsp; os(as) participantes e assistidos(as) porque as decis&otilde;es da Diretoria e do Conselho Deliberativo da FUNCEF&nbsp; poderiam ter sido diferentes, sem contrariar nenhuma legisla&ccedil;&atilde;o.</p>

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