“No Brasil, as classes médias se identificam mais com as elites do que com a classe trabalhadora”, diz Thiago Ingrassia Pereira no LíderA 

2019-03-30 17:41:00

<p><img title="L&iacute;derA" src="http://apcefrs.org.br/web/upload/misc/image/b2518992e1afe0cdd3ff7ee5ef940d9a.jpg" alt="L&iacute;derA" width="660" height="440" /></p>
<p>Come&ccedil;ou na manh&atilde; deste s&aacute;bado (30) o primeiro encontro do L&iacute;derA deste ano. A atividade, realizada na col&ocirc;nia da Associa&ccedil;&atilde;o em Tramanda&iacute;, recebeu o soci&oacute;logo e professor Thiago Ingrassia Pereira para debater a desigualdade social como um desafio ao Bem Comum. Para ele, o tema &eacute; fundante na sociedade brasileira &ndash; que tem ra&iacute;zes coloniais, escravocratas e de latif&uacute;ndio. Pereira, que est&aacute; em sua segunda participa&ccedil;&atilde;o no semin&aacute;rio e foi um dos organizadores da obra &ldquo;<a href="http://www.apcefrs.org.br/noticias/article/1366392153" target="_blank">Em Defesa do Bem Comum</a>&rdquo;, falou para dezenas de representantes da APCEF nas ag&ecirc;ncias banc&aacute;rias.</p>
<p><img title="L&iacute;derA" src="http://apcefrs.org.br/web/upload/misc/image/181f1892e038de934eddb08dbf760f0d.jpg" alt="L&iacute;derA" width="660" height="440" /></p>
<p>&ldquo;Trata-se de uma disputa de narrativa fundamental&rdquo;, come&ccedil;ou Pereira, pois &ldquo;vivemos em uma sociedade segmentada em classes, estruturada em bases profundamente desiguais&rdquo;. O professor, que leciona na Universidade Federal da Fronteira Sul, em Erechim, diz que h&aacute; uma naturaliza&ccedil;&atilde;o desse fen&ocirc;meno. &ldquo;As pessoas se chocam, em um senso m&eacute;dio, com dois indiv&iacute;duos do mesmo sexo trocando car&iacute;cias em p&uacute;blico; a exist&ecirc;ncia de pessoas sem condi&ccedil;&otilde;es m&iacute;nimas de dignidade, entretanto, n&atilde;o produz a mesma rea&ccedil;&atilde;o&rdquo;.</p>
<p>Por conta disso, no pa&iacute;s &ndash; que &eacute; a sociedade moderna com maior tempo com maior tempo de exist&ecirc;ncia de pessoas escravizadas &ndash;, ao contr&aacute;rio de outras na&ccedil;&otilde;es, os diversos estratos das classes m&eacute;dias se identificam mais com as elites do que com a classe trabalhadora. &ldquo;Desigualdade &eacute; um fen&ocirc;meno concreto proveniente da concentra&ccedil;&atilde;o de riqueza, que gera implica&ccedil;&otilde;es como a concentra&ccedil;&atilde;o de poder&rdquo;, explica.</p>
<p>Outra consequ&ecirc;ncia &eacute; a exist&ecirc;ncia de uma classe de &ldquo;subcidad&atilde;os&rdquo;, termo cunhado pelo soci&oacute;logo Jess&eacute; de Souza e frequentemente utilizado por Pereira em sua an&aacute;lise: uma parcela da popula&ccedil;&atilde;o sem acesso &agrave;s pol&iacute;ticas p&uacute;blicas mais b&aacute;sicas &ndash; ou mesmo a um endere&ccedil;o. Trata-se de uma singularidade brasileira, que Souza provocativamente caracteriza como &ldquo;ral&eacute;&rdquo;. S&atilde;o pessoas apartadas socialmente atrav&eacute;s de grades, arame farpado, carros blindados, que se vinculam &agrave;s classes mais abastadas atrav&eacute;s dos servi&ccedil;os.</p>
<p>O fen&ocirc;meno da desigualdade, que tem implica&ccedil;&otilde;es pr&oacute;prias no Brasil, todavia, n&atilde;o &eacute; uma exclusividade do pa&iacute;s. Em todo o planeta, exp&otilde;e Pereira, 42 pessoas det&ecirc;m a mesma riqueza que a parcela dos 3,6 bilh&otilde;es mais pobres. &ldquo;Nunca se produziu tanta riqueza como nos &uacute;ltimos 40 anos. Nunca a riqueza esteve sob o controle de t&atilde;o poucos indiv&iacute;duos&rdquo;, disse, citando o tamb&eacute;m soci&oacute;logo Antonio Cattani. Ao contr&aacute;rio do conceito de &ldquo;diferen&ccedil;a&rdquo; &ndash; que leva &agrave; pluralidade e &agrave; diversidade, um valor importante da segunda metade do s&eacute;culo XX &ndash;, a desigualdade leva &agrave; injusti&ccedil;a.</p>
<p><img title="L&iacute;derA" src="http://apcefrs.org.br/web/upload/misc/image/09b82b15e3e395b044ea7ade1651765f.jpg" alt="L&iacute;derA" width="660" height="440" /></p>
<p>O L&iacute;derA, que segue durante a tarde, tem um importante papel de renova&ccedil;&atilde;o e forma&ccedil;&atilde;o de novas lideran&ccedil;as na Associa&ccedil;&atilde;o. &ldquo;Nosso objetivo &eacute; qualificar e fortalecer debates. Uma APCEF mais forte, sobretudo nesta conjuntura em que vivemos&rdquo;, definiu o diretor de Forma&ccedil;&atilde;o para o Bem Comum da entidade, Marcos Todt, que abriu a atividade.</p>
<p>Neste ano o L&iacute;derA ter&aacute; mais dois encontros, no mesmo formato, tamb&eacute;m com a finalidade de discutir temas de interesse de empregadas e empregados da Caixa, da categoria banc&aacute;ria e da sociedade em geral. As atividades, sempre realizadas em s&aacute;bados na col&ocirc;nia de Tramanda&iacute;, come&ccedil;am com debates mais amplos, trazendo intelectuais importantes no cen&aacute;rio nacional, sempre com abertura para questionamentos e considera&ccedil;&otilde;es de associados/as; na segunda parte dos encontros, representantes discutem temas caros &agrave; pr&oacute;pria Associa&ccedil;&atilde;o.</p>
<p>Nesta tarde, a APCEF apresenta sua campanha de associa&ccedil;&atilde;o que ser&aacute; lan&ccedil;ada no dia 2 de abril. &ldquo;Quem participou de outras edi&ccedil;&otilde;es, inclusive, poder&aacute; perceber que essa campanha, nascida a partir dessas discuss&otilde;es, ter&aacute; muitos aspectos levantados por representantes aqui no L&iacute;derA. &Eacute; assim, juntos, que nos qualificamos&rdquo;, disse Todt. <br /><br /></p>

Compartilhe em todas as redes!

Share by: