Acampamento Terra Livre: "Resistimos há 519 anos e continuaremos resistindo" 

2019-04-29 14:02:00

<p><img title="Foto: M&iacute;dia Ninja" src="http://apcefrs.org.br/web/upload/misc/image/988992dff67ef2ce10643b22a65dee60.jpg" alt="Foto: M&iacute;dia Ninja" width="660" height="371" /></p>
<p>Mais de 4 mil lideran&ccedil;as de povos e organiza&ccedil;&otilde;es ind&iacute;genas se reuniram em Bras&iacute;lia para protestar contra o que definem como "o cen&aacute;rio mais grave de ataques aos nossos direitos desde a redemocratiza&ccedil;&atilde;o do pa&iacute;s". Pessoas de todas as regi&otilde;es do Brasil, representantes de 305 povos, se reuniriam entre os dias 24 e 26 na Esplanada dos Minist&eacute;rios, mas, por press&atilde;o da Pol&iacute;cia Militar do Distrito Federal, organizaram a 15&ordf; edi&ccedil;&atilde;o do Acampamento Terra Livre na Pra&ccedil;a dos Ip&ecirc;s. Apesar de a mobiliza&ccedil;&atilde;o ser pac&iacute;fica, o ministro da Justi&ccedil;a e da Seguran&ccedil;a P&uacute;blica Sergio Moro insistiu no uso da For&ccedil;a Nacional para constranger a realiza&ccedil;&atilde;o do evento.</p>
<p>Ind&iacute;genas produziram, na atividade, um documento no qual repudiam "os prop&oacute;sitos governamentais de nos exterminar, como fizeram com os nossos ancestrais no per&iacute;odo da invas&atilde;o colonial, durante a ditadura militar e at&eacute; em tempos mais recentes". O governo Bolsonaro, afirmam, age pela extin&ccedil;&atilde;o da pol&iacute;tica indigenista nacional, atrav&eacute;s do "desmonte deliberado e a instrumentaliza&ccedil;&atilde;o pol&iacute;tica" de institui&ccedil;&otilde;es e de a&ccedil;&otilde;es do Poder P&uacute;blico.</p>
<p><a href="https://mobilizacaonacionalindigena.wordpress.com/2019/04/26/documento-final-do-xv-acampamento-terra-livre/" target="_blank"><strong>Leia o Documento final do XV Acampamento Terra Livre aqui.</strong></a></p>
<p>Uma das mais importantes pautas de discuss&atilde;o no Acampamento foi a a&ccedil;&atilde;o da Frente Parlamentar Agropecu&aacute;ria, que, com os minist&eacute;rios do meio Ambiente, da Infraestrutura e da Agricultura, pretende isentar atividades impactantes de licenciamento, desregulamentando o processo de emiss&atilde;o das autoriza&ccedil;&otilde;es &ndash; o que deve ter consequ&ecirc;ncias agudas nas Terras Ind&iacute;genas e seus entornos. "Tudo para renunciarmos ao nosso direito mais sagrado: o direito origin&aacute;rio &agrave;s terras, aos territ&oacute;rios e bens naturais que preservamos h&aacute; milhares de anos", diz o documento.</p>
<p>Al&eacute;m disso, ind&iacute;genas definem o projeto econ&ocirc;mico do governo Bolsonaro como atrelado a interesses financeiros, de corpora&ccedil;&otilde;es empresariais, muitas delas internacionais, do agroneg&oacute;cio e da minera&ccedil;&atilde;o &ndash; um Poder Executivo caracterizado, portanto, como "entreguista, antinacional, predador, etnocida, genocida e ecocida".</p>
<p>Entre as reivindica&ccedil;&otilde;es est&atilde;o a demarca&ccedil;&atilde;o de todas as terras ind&iacute;genas conforme determina a Constitui&ccedil;&atilde;o; que o Congresso fa&ccedil;a mudan&ccedil;as na Medida Provis&oacute;ria 870/2019, para retornar as compet&ecirc;ncias de demarca&ccedil;&atilde;o das terras ind&iacute;genas e de licenciamento ambiental ao Minist&eacute;rio da Justi&ccedil;a e &agrave; Funda&ccedil;&atilde;o Nacional do &Iacute;ndio (Funai); e que o direito de decis&atilde;o dos povos isolados de se manterem nessa condi&ccedil;&atilde;o seja respeitado. A lista contem, ao total, 13 reivindica&ccedil;&otilde;es.</p>
<p>Povos ind&iacute;genas brasileiros reafirmaram seu compromisso de consolidar alian&ccedil;as com todos os setores da sociedade que tamb&eacute;m t&ecirc;m sido "atacados em seus direitos e formas de exist&ecirc;ncia" no pa&iacute;s e no mundo. "Seguiremos dando a nossa contribui&ccedil;&atilde;o na constru&ccedil;&atilde;o de uma sociedade realmente democr&aacute;tica, plural, justa e solid&aacute;ria, por um Estado pluricultural e multi&eacute;tnico de fato e de direito, por um ambiente equilibrado para n&oacute;s e para toda a sociedade brasileira, pelo Bem Viver das nossas atuais e futuras gera&ccedil;&otilde;es, da M&atilde;e Natureza e da Humanidade", finalizam. Ser&aacute; realizada, em agosto deste ano, a Marcha das Mulheres Ind&iacute;genas com o tema "Territ&oacute;rio: nosso corpo, nosso esp&iacute;rito".</p>

Compartilhe em todas as redes!

Share by: